sexta-feira, 1 de junho de 2012

A INFLUÊNCIA DO ESQUEMA CORPORAL NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A INFLUÊNCIA DO ESQUEMA CORPORAL NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
por Carmem Federle Este estudo tem como foco a importância dos aspectos do desenvolvimento motor e do esquema corporal para o desenvolvimento global da criança. A formação do esquema corporal inicia-se desde o nascimento, correspondendo a um diagrama construído no cérebro, que orienta o movimento das partes do corpo. O esquema corporal refere-se a uma organização neurológica das diversas áreas do corpo (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008). O esquema corporal é uma tomada de consciência global do indivíduo no mundo, ou ainda uma maneira de expressar que ‘meu corpo está no mundo’. O esquema corporal também pode ser considerado como um alongamento entre a atividade psicomotora elementar e as relações do indivíduo com o meio (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008). Pode-se conceituar o desenvolvimento motor como sendo um processo que ocorre sequencialmente, ligado a idade cronológica, através da interação entre a biologia do indivíduo, as condições ambientais, inerente às mudanças sociais, intelectuais e emocionais. Na infância, particularmente, no início do processo de escolarização, que ocorre um amplo incremento das habilidades motoras, que possibilita à criança um amplo domínio do seu corpo em diferentes atividades, como: saltar, correr, rastejar, chutar uma bola, arremessar um arco, equilibrar-se num pé só, escrever, entre outras (ROSA NETO et al., 2010). No início de sua vida, criança trata seu corpo como um objeto, mas através de estímulos, ela armazenará sensações e imagens, reconhecendo que ela é diferente dos outros objetos. Desta forma, o esquema corporal passa por um processo contínuo de mudanças durante toda vida, evoluindo para níveis mais elevados de desenvolvimento e controle motor (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008). Ao nascer, as primeiras ações são frutos de reflexos hereditários, mas desde esse primeiro momento, o intelecto já é capaz de efetuar aprendizagens. A partir dali, as condutas procuram se adaptar ao meio onde a criança está inserida, não sendo mais reflexo puro. “É importante salientar que esses reflexos vêm de uma matriz biológica, isto é, do próprio corpo, e vão se diferenciando em estruturas mentais na medida em que o bebê e o meio vão interagindo” (SILVA; FREZZA, 2010). Entende-se que o desenvolvimento humano é resultado das relações estabelecidas com as pessoas com quem convive e com o meio social onde está inserido. Brincar, explorar, jogar, movimentar-se, conversar, contar histórias, desenhar, pintar, dançar, alimentar-se, descansar, são algumas das experiências importantes onde a criança tem a oportunidade de interagir com outras pessoas, com o ambiente, sendo assim, desafiada a descobrir mais sobre si, o outro e o mundo. O educador Freire (2008) diz que educação não deve ser uma mera transmissão de conhecimento, mas criar uma possibilidade do educando construir o seu próprio conhecimento baseado com o conhecimento que ele trás de seu dia a dia. As considerações ou reflexões até agora feitas vêm sendo desdobramento de um primeiro saber inicialmente apontado como necessário a formação docente, numa perspectiva progressista. Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção (FREIRE, 2008, p. 47). Segundo Krebs e Neto, 2007, a escola deve ter como um de seus fundamentos a educação motora. Ela é tão importante quanto às aquisições lógico-matemáticas, de leitura, e expressões artísticas. Na infância o desenvolvimento físico é de vital importância para a criança, pois é através do corpo que nos movemos, sentimos, agimos, percebemos e descobrimos novos universos. O desenvolvimento motor auxilia a criança neste universo, tanto nas sensações e percepções oferecendo o conhecimento de seu corpo e através desse, o mundo que a rodeia, utilizando o movimento como meio e não como um fim a atingir. Os autores afirmam que: “Movimento e criança se confundem. Seja executando habilidades motoras finas ou amplas, seja manipulando instrumentos ou se deslocando, movimentar-se é uma constante no universo da criança.” (KREBS; NETO, 2007, p. 188). A educação motora deve basear-se em uma educação que englobe fatores motores, perceptivos e sociais. Nesse sentido, segundo Krebs e Neto (2007), o trabalho em motricidade infantil implica três grandes preocupações em situação pedagógica: a relação entre função tônica e fásica, e o envolvimento relacional e conquista de autoestima pessoal; o encontro do espaço do próprio corpo, relação com o espaço envolvente através do contato com o outro (socialização); o domínio corporal e o seu controle como meio de reconhecimento de sua personalidade. Para eles, “O essencial está em fornecer à criança experiências que lhe permitam confrontar-se progressivamente com o domínio do seu corpo, a tomada de consciência de sua constituição física e as relações sociais implicadas no trabalho em grupo.” (KREBS; NETO, 2007, p. 37). Pode-se então, entender que o desenvolvimento motor ajuda a criança a abrir-se para a comunicação e que por meio das atividades lúdicas, ela estabelece um vínculo com o mundo e passa a construir suas representações de si e sua realidade. De acordo com Freitas (2008) pode-se conceituar a organização do corpo a partir dos três aspectos: Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao seu próprio corpo; Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento; Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais e do todo. Le Boulch (1992), diz que a criança passa por três etapas na evolução do desenvolvimento do esquema corporal. A do "corpo vivido", onde ocorre uma vivência corporal; a criança explora seu corpo globalmente, constituindo um todo. A do "corpo percebido" (ou descoberto), onde ocorre a organização do esquema corporal. E a terceira etapa, "orientação espaço corporal", na qual a criança poderá executar todas as suas possibilidades corporais, atingindo um domínio corporal. Vygotsky (1998) acrescenta a importância do desenvolvimento motor para a criança. Para ele, a criança é interativa e estabelece uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem. O teórico relata que o lúdico é muito importante no processo de desenvolvimento da criança, que ao brincar a criança estará adquirindo elementos importantes à construção de sua personalidade e adquirindo a capacidade de compreensão sobre o ambiente do qual faz parte. Assim Vygotsky afirma: No brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e ao mesmo tempo aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia a ação impulsiva constitui o caminho para o prazer do brinquedo. (VYGOTSKY, 1998, p. 130) Segundo Vygotsky (1998), o desenvolvimento cognitivo da criança resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem ela mantém contato diário, sendo a fala e linguagem parte essencial para o processo. Desta forma, a escola sistematiza o aprendizado, que inicia no primeiro dia de vida, e a aquisição do conhecimento se dá através das zonas de desenvolvimento: real e proximal, ou seja, o desenvolvimento segue a aprendizagem, e, não se deve esperar pelo desenvolvimento para ensinar. Portanto, o desenvolvimento neuropsicomotor acompanha a criança em sua evolução, dando espaço para que ela possa agir independentemente e possa encontrar soluções e desenvolver suas capacidades através do corpo e cabe ao educador perceber o que se passa com a criança, procurando sempre contribuir para seu desenvolvimento. É importante saber que tanto a criança quanto educador estão inseridos em um contexto no qual lidam com uma estimulação externa excessiva, que provoca uma total desatenção ao próprio corpo, aos sentimentos, aos desejos, às percepções e aos limites. Trindade (2003) destaca a importância da criação do vínculo entre o corpo e o movimento, aliado à atribuição de sentido aos gestos, potencializando a capacidade de expressão do ser humano. Para Le Métayer, o desenvolvimento da motricidade funcional depende de três componentes básicos: maturação (que aperfeiçoa a potencialidade cerebromotora), atitudes perceptomotoras inatas (permitem memorização tempo-espacial dos movimentos e informações do meio exterior), e experiências motoras repetidas (permite ajustes dos movimentos intencionais, num contexto de motivações e estimulações educativas). Complementando essa ideia, Le Boulch diz que: “Considerar o movimento do ponto de vista funcional é considerá-lo não como um processo tendo sua razão de ser nele mesmo, mas, ao contrário, como tendo um significado em relação a conduta do ser na sua totalidade.” (LE BOULCH, 1995, p.14). Também, para Freire (1995), a educação motora educa para a liberdade, além de outras coisas, para a liberdade de expressão. E a expressão humana é corporal. “É pela motricidade que o homem se realiza”. (FREIRE, 1995, p. 41). Também, “a aquisição de habilidades motoras está vinculada ao desenvolvimento da percepção do corpo, espaço e tempo, e essas habilidades constituem componentes de domínio básico tanto para a aprendizagem motora quanto para as atividades de formação escolar”. Isso significa que, ao desenvolver habilidades motoras, a criança está construindo noções para o desenvolvimento intelectual. Por isso, é importante que se proporcionem experiências motoras e psicossociais às crianças, prevenindo assim, que estas apresentem comprometimento de habilidades escolares (ROSA NETO et al., 2010), Para que a criança adquira maturação para desenvolver suas necessidades, é necessária a estimulação, sendo indispensável que as crianças sejam estimuladas desde o nascimento e principalmente no início da vida escolar (SANTOS; MEDEIROS, 2006). A importância da formação psíquica do esquema corporal vem através das ações que contribuam para o desenvolvimento da personalidade da criança, a fim de conduzi-la à autonomia de atitudes, com isso, vivendo harmonicamente no meio em que vive (FRUG, 2001, p.38). Para que a criança tenha um corpo completo, a educação motora é o ponto principal, pois permite que a pessoa possa se expressar através de sentimentos e pensamentos. A educação motora é direito de todas as crianças, incluindo as com necessidades especiais. Devendo todas serem estimuladas de forma adequada, partindo-se de um princípio básico – a consciência corporal (FURLAN; MOREIRA; RODRIGUES, 2008). Conforme ocorre o desenvolvimento, as experiências motoras vão se aprimorando, sendo elas necessárias para o aprimoramento do raciocínio e para a socialização. Através da motricidade, o pensamento pode manifestar-se. A pobreza na exploração das atividades motoras irá retardar e limitar a capacidade perceptiva do indivíduo (FERNANDES, 2008). Assim podemos dizer que há uma grande relação entre as capacidades motoras, intelectuais e afetivas, sendo que são elas que ajudam à criança estabelecer relação com o mundo, e que também estão sujeitas à sua carga tônica pessoal, a qual é, por sua vez, construída a partir das estimulações que o meio e as pessoas lhes impõem. É através das diferentes experiências que a criança terá possibilidade de criar a base para o desenvolvimento de sua independência, autonomia corporal e sua maturidade socioemocional (FERNANDES, 2008). dessa forma, esta é a fase onde é muito importante oportunizar variadas formas de movimento e interação, procurando tornar a criança competente para responder às suas necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida. A aprendizagem motora depende da associação das características herdadas com experiências vividas (SACCANI, et al., 2007). A motricidade pode ser conceituada como “a interação de diversas funções motoras como a perceptivo motora, a psicomotora, a neuromotora e outras”, assim a motricidade contribui para o desenvolvimento geral da criança e através dela realiza a exploração do ambiente. Para que isso ocorra, relacionam-se estruturas consideradas psicomotoras, dentre elas o equilíbrio, a locomoção, a manipulação e o tônus corporal, com a organização espaço temporal, as coordenações finas e amplas, a coordenação oculossegmentar, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento (FONSECA; BELTRAME; TKAC, 2008). A atividade psicomotora educativa pode tornar-se uma possibilidade para o aluno aprender e fazer novas vivências e experiências, ajudando-o a compreender o mundo cultural, a se contextualizar na sociedade, e a se estruturar internamente. Pois a psicomotricidade, sendo uma ação educativa, leva em conta a comunicação, a linguagem e os movimentos naturais conscientes e espontâneos, considerando-se o ritmo próprio de crescimento e desenvolvimento humano (FREITAS; ISRAEL, 2008). É necessário que a criança tenha em seu corpo a experiência da cor, da espessura, da longitude, da latitude, da trajetória, do ângulo, da forma, da orientação e da projeção espacial, para que haja uma melhor alfabetização. Neste sentido, a educação psicomotora é importante para a criança da educação infantil e para as demais fases da escolarização, pois o ponto de partida para a aprendizagem é a noção do próprio corpo, e sua tomada de consciência que constituem o esquema corporal. Sendo assim, a educação psicomotora deveria ser considerada como uma educação fundamental na escola (BRÊTAS et al., 2005). A experiência motora propicia o amplo desenvolvimento dos diferentes componentes da motricidade, tais como a coordenação, o equilíbrio e o esquema corporal, que são de fundamental importância para o desenvolvimento das diversas habilidades motoras básicas como andar, correr, saltar, galopar, arremessar e rebater. Mas para que isso aconteça é necessário que se ofereça a criança ambiente diversificado, com situações novas, interações com diferentes objetos e ambientes, uma vez que o movimento se apresenta e se aprimora por meio dessa interação, das mudanças individuais com o ambiente e a tarefa motora (MEDINA-PAPST; MARQUES, 2010). BIBLIOGRAFIA ARAGÃO, Marta Genú Soares. Consciência Corporal: uma concepção filosófico-pedagógica de apreensão do movimento. Rev. Bras. Cienc. Esporte, v. 22, n. 2, p. 115-131, jan. 2001. BRÊTAS, José Roberto da Silva; PEREIRA, Sônia Regina; CINTRA, Cintia de Cássia; AMIRATI, Kátia Muniz. Avaliação de funções psicomotoras de crianças entre 6 e 10 anos de idade. Acta Paul Enferm. 2005; p.403-12. CAMPOS, Mariana Tavares de; AVOGLIA, Hilda Rosa Capelão; CUSTÓDIO, Eda Marconi. A imagem corporal de indivíduos com paraplegia não congênita: um estudo exploratório. Psicólogo inFormação, ano 11, n. 11, jan./dez. 2007. COSTA, Joceli do Carmo Knebel da; OLIVEIRA, Amauri A. 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terça-feira, 22 de maio de 2012

HIPÓTESES DE ALFABETIZAÇÃO SEGUNDO EMILIA FERREIRO E ANA TEBEROSKY

HIPÓTESES DE ALFABETIZAÇÃO SEGUNDO EMILIA FERREIRO E ANA TEBEROSKY Por acreditarem que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico e que o processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por níveis de conceitualização que revelam as hipóteses a que chegou a criança, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky definiram , em seu Psicogênese da Língua Escrita, cinco níveis: • Nível 1: Hipótese Pré-Silábica; • Nível 2: Intermediário I; • Nível 3: Hipótese Silábica; • Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II; • Nível 5: Hipótese Alfabética. A caracterização de cada nível não e determinante, podendo a criança estar em um nível ainda com características do nível anterior. Essas situações são mais freqüentes nos níveis Intermediários I e II, onde freqüentemente podemos nos deparar com contradições na conduta da criança e nos quais se percebe aa perda de estabilidade do nível anterior e a não estabilidade no nível seguinte, evidenciando o conflito cognitivo. • Nível 1: Hipótese Pré-Silábica; A criança: - não estabelece vinculo entre fala e escrita; - demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes; - usa letras do próprio nome ou letras e números d\na mesma palavra; - caracteriza uma palavra como letra inicial; - tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever; • Nível 2: Intermediário I; A criança: - começa ater consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita; - começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras; - conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres. • Nível 3: Hipótese Silábica; A criança: - já supõe que a escrita representa a fala; - tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras; - já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba; - em frases, pode escrever uma letra para cada palavra. • Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II; A criança: - inicia a superação da hipótese silábica; - compreende que a escrita representa o som da fala; - passa a fazer uma leitura termo a termo; (não global) - consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo. • Nível 5: Hipótese alfabética. A criança: - compreende que a escrita tem função social; - compreende o modo de construção do código da escrita; - omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica; - não tem problemas de escrita no que se refere a conceito; - não e ortográfica e nem léxica. A alfabetização não é mais vista como sendo o ensino de um sistema gráfico que equivale a sons. Um aspecto que tem que ser considerado nessa nova perspectiva e que a relação da escrita com a oralidade não é uma relação de dependência da primeira com a segunda, mas e antes uma relação de interdependência, isto e, ambos os sistemas de representação influenciam-se igualmente. Temos então que a concepção que em geral se faz a respeito da aquisição da linguagem escrita, corresponde a um modelo linear e “positivo” de desenvolvimento, segundo o qual a criança aprende a usar e decodificar símbolos gráficos que representam os sons da fala, saindo de um ponto ‘x’ e chegando a um ponto ‘y’. O dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais, mostra-se preocupante, considerando que a cada momento, o educador encontra-se diante de alguns obstáculos, principalmente quando se refere à leitura e suas interpretações.Essa dificuldade embora comuns, se difunde em outras, como interpretação de textos, ditado, cópia e etc..., o que numa linguagem atual se reporta às técnicas de redação. Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios para escrever, expressar suas emoções, falar etc. Nesse contexto, o professor precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de criar mecanismo para seu enfrentamento, reconhecendo que na fase inicial, a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que no decorrer da vida escolar, se contemporizam com outros, podendo gerar conflito ou dificuldades.

POSSIBILIDADES DE TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR


POSSIBILIDADES DE TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR



















Erechim
2011
carmem lucia federle















POSSIBILIDADES DE TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR




Trabalho individual de Portifólio, de pesquisa bibliográfica como requisito  de avaliação, para o  curso de pós Graduação em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Norte do Paraná – Cemap Erechim, com o tema Possibilidades de trabalho do Pscicopedagogo na Instituição Escolar    modulo IV – 2011 para as disciplinas –  O Lúdico e suas Contribuições à Psicopedagogia Enfoque Psicopedagógico frente às Altas Habilidades: Superdotação, Contribuição da Psicopedagogia à Educação de Jovens e Adultos, O Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI – e suas contribuições à Psicopedagogia.  .






Erechim
2011


RESUMO


Este trabalho tem como tema principal a abordagem tema Possibilidades de trabalho do Pscicopedagogo na Instituição Escolar  e  apresentará  os elementos que   constribuem para o trabalho do psicopedagogo na instituição Escolar . Dentro do tema proposto fará uma abordagem dos elementos que contribuem para o desenvolvimento do trabalho psicopedagógico na Instituição escolar como O Lúdico e suas Contribuições à Psicopedagogia Enfoque Psicopedagógico frente às Altas Habilidades: Superdotação, Contribuição da Psicopedagogia à Educação de Jovens e Adultos, O Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI – e suas contribuições à Psicopedagogia, sendo estes colaboradores do processo educativo e aliados no trabalho e intervenção psicopedagógica.  




Palavras-chave:   possibilidade – pesquisa – psicopedagogo
















INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de apresentar as possibilidades do trabalho psicopedagpogico na Instituição escolar.
Abordará questões pertinentes ao processo de aprendizagem e aspectos relevantes com O Lúdico e suas Contribuições à Psicopedagogia Enfoque Psicopedagógico frente às Altas Habilidades: Superdotação, Contribuição da Psicopedagogia à Educação de Jovens e Adultos, O Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI – e suas contribuições à Psicopedagogia.
 Desta forma, é importante questionar o quanto é desafiador o  cenário da educação e quanto  causa impacto direto e indireto na reavaliação e avaliação  das diretrizes de desenvolvimento para o professor, estudante, sociedade e escola.
   Sendo assim, é importante que o professor esteja devidamente capacitado e informado para fazer a detecção das dificuldades de aprendizagem, para que assim seja feita uma intervenção precoce, possibilitando dessa forma, uma melhor qualidade  no seu trabalho e assim podendo ser feita uma intervenção eficiente que irá auxiliar o estudantes no seu processo de aprendizagem.  
Todas estas questões serão devidamente ponderadas ao longo deste estudo, possibilitando assim, que questões importantes sobre O Lúdico e suas Contribuições à Psicopedagogia Enfoque Psicopedagógico frente às Altas Habilidades: Superdotação, Contribuição da Psicopedagogia à Educação de Jovens e Adultos, O Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI – e suas contribuições à Psicopedagogia.   podem influenciar na aprendizagem e no desenvolvimento humano e auxiliar no trabalho e intervenção do trabalho pscicopedagógico na Instituição Escolar.










DISCUTINDO OS FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL Á LUZ DAS POSSIBILIDADES DO TRABALHO PSICOPEDAGOGICO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR.


A psicopedagogia surge com o intuito de desmistificar a idéia de que o sujeito era tido como uma conseqüência fisiológica sem questionar a escola, onde o sujeito era produto de um erro da natureza, esse era o paradigma da anomalia anatomofisiológica que perdurou por décadas.  A psicopedagogia em como  objeto de estudo a aprendizagem.
 É importante salientar que para aprender é preciso agir e essa ação fica registrada através de sinapses, implica mudança de comportamento, cérebro e meio funcionando harmonicamente.
Segundo Wallon, 1995, o sujeito é dotado de inteligências, e cada uma delas dever ser respeitada. Salienta o autor, que é de máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências humanas e todas as combinações de inteligências, e é por esse motivo que somos todos diferentes.
 “Se reconhecemos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos nesse mundo. Se pudermos mobilizar o espectro das capacidades humanas, as pessoas não apenas se sentirão melhores em ralação a sim mesmas e mais competentes...” (GARDNER, 1995:18).

Pode-se dizer então, que a psicopedagogia surge da  necessidade de buscar subsídios para estudar o fracasso escolar e da certeza  que não havia como entender o fracasso escolar apenas como causa orgânica. Surge da necessidade de entender melhor o processo de aprendizagem, não meramente envolvendo a Psicologia e a Pedagogia, porém a psicopedagogia tem recorte interdisciplinar, buscando suporte e apoio em outras áreas como a psicanálise, pedagogia social, medicina, lingüística, fonoaudiologia, e cria seu próprio objeto de estudo: a aprendizagem. Assim, pode-se dizer que a Psicopedagogia é uma área de estudos, não tem status de ciência, é objeto de pesquisa que nasceu de uma prática que está voltada às aprendizagens.
É preciso ter clareza que a psicopedagogia é um campo de atuação que lida com saúde e educação e diretamente com o processo de aprendizagem, considerando a influência do meio, escola, família e sociedade. Sendo assim, o objetivo do trabalho psicopedagógico é promover a aprendizagem garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento devendo-se valer-se dos seus recursos disponíveis incluindo a relação dos recursos interprofissionais, realizando pesquisas cientificas no campo psicopedagógico com intuito de promover novas aprendizagens.
De acordo com Vygotsky, interações sociais e culturais são criticas para a aprendizagem. Os indivíduos criam seus mecanismos psicológicos para aprender a controlar seu comportamento. O individuo tem papel ativo no desenvolvimento da sua aprendizagem. Vygotskyi destaca que as funções psicológicas do ser humano surgem da interação dos fatores  biológicos que são parte da constituição física do homem, com os fatores culturais, que evoluíram através da historia.
 “As funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do individuo e seu contexto cultural e social(...) A cultura, é portanto, parte constitutiva da natureza humana já que sua característica psicológica se da através da internalização dos modos  historicamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações” (REGO, 1995:42)

Para Vygotsky a mente é um produto da mudança sociohistórica. Mente, na concepção de Vygotsky envolve todos os processos mentais superiores, (pensar, resolver problemas, percepção). Para ele, o biológico não conta muito, vale mais as interações sociais ao longo do seu desenvolvimento.
Assim, a criança se apropria dos estímulos do ambiente a que ela esta inserida. Se apropria das expectativas dos adultos, no entanto pode frustrar-se se não atender a essas expectativas. Ela não é uma esponja que absorve tudo, mas sim, ativa e participa da construção do seu conhecimento através da interação com o meio em que está inserida.  “ O pressuposto da mediação é fundamental na perspectiva sócio-histórica justamente porque é através dos instrumentos e signos que os processos de funcionamento psicológico são formados pela cultura” (REGO, 1995: 43).
A criança se apropria do sistema de linguagem através  da interação com o meio. O ser humano é o mediador desse processo. A linguagem é um sistema de signos arbitrários e revestida de complexidade. A linguagem é espontânea, ao contrário da escrita. Vygotsky salienta que há a não  linguagem verbal – não usa-se as palavras, mas a linguagem do corpo e a linguagem  verbal: usa-se palavras – oral, escrita e leitura encoberta, interiorizada, linguagem interiorizada – pensamento verbal, é esta forma que influencia os pensamentos. A criança se apropria de um código lingüístico que já existe; fala social – criança emite palavras, adquirida pela pratica, ouve e depois fala; fala individual – fala sozinha, brincando; linguagem interiorizada – só em pensamento.
A linguagem na concepção de Vygostky, não é só o facilitador do pensamento, mas condição para acontecer os processos mentais superiores.
 “(...) os sistemas simbólicos (entendidos como sistemas de representação da realidade), especialmente a linguagem, funcionam como elementos mediadores que permitem a comunicação entre os indivíduos, o estabelecimento de significados compartilhados por determinado grupo cultural (...) é por essa razão que Vygostky afirma  que os processos  de funcionamento mental do homem são fornecidos pela cultura, através da mediação simbólica”. (Rego: 1995: 55)

Uma importante contribuição de Vygostky foi o estudo da ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal). De acordo com o estudioso, a ZDP tem um significado importante para a aprendizagem. A ZDP é dinâmica e mostra o nível potencial e o nível real. Aqui entra o papel do professor como mediador do processo. Este irá auxiliar através da ajuda executiva ( resposta pronta) ou instrumental ( dá pistas sem respostas prontas).
“Através da consideração da Zona de Desenvolvimento Proximal, é possível verificar não somente os ciclos já completados, como também os que estão em via de formação, o que permite o delineamento das conquistas, assim com a elaboração de estratégias pedagógicas que as auxiliem nesse processo” (Rego: 1995: 74).

 Por Vygotsky ser socioconstrutivista a sua teoria tem aplicabilidade em sala de aula.
Para  Vygotsky
 “o homem é um ser ativo, histórico e social e dessa forma sua ação deixa na natureza marcas e produtos que serão apropriados pelos demais integrantes do núcleo social mediante as atividades praticadas. Além disso, o uso das ferramentas transforma as pessoas e a sociedade em que elas vivem” (PAULA e MENDONÇA, 2007: 22)

Desse modo, é importante conhecer os fatores de desenvolvimento para que se possa intervir e auxiliar o sujeito. Só é possível compreender quando se sabe a origem, e com o estudo das teorias do desenvolvimento é possível ter em mãos ferramentas para compreender, intervir e prevenir.

A atuação do Psicopedagogo  Instituição Escolar: uma reflexão

É importante observar que na Psicopedagogia, o fundamental é conhecer e compreender o processo educativo, de aprendizagem, para, a partir dele, compreender a dificuldade de aprendizagem. Segundo Rubinstein (1999), esse pressuposto contribuiria para modificar a compreensão da etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a modalidade de intervenção.
O ponto de partida da Psicopedagogia é a aprendizagem e a relação do sujeito nesse processo. Sendo assim, a preocupação dos psicopedagogos está voltada para uma compreensão que leve em conta a multiplicidade e a complexidade dos fatores envolvidos, considerando os aspectos psicológicos, cognitivos, de natureza psicolingüística, culturais e sociais que podem estar  implicados no quadro de dificuldades de aprendizagem.  Segundo Rubinstein (1999), cabe ao psicopedagogo compreender os obstáculos existentes na aprendizagem, para através da intervenção, promover sua superação.
Partindo desse pressuposto, o objetivo do trabalho psicopedagógico é ajudar aquele que, por diferentes razoes, não consegue aprender formal ou informalmente, para que consiga não apenas interessar-se por aprender, mas adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para que essa superação aconteça.
O trabalho psicopedagógico pode e deve ser observado a partir da instituição escolar, na qual, cumpre uma importante função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta dentro de um projeto social mais amplo. A escola afinal, é responsável por grande parte da aprendizagem do ser humano.
A atividade da escola está determinada pelo aspecto interacional. O psicopedagogo pode, então, ser visto fazendo parte de uma equipe multidisciplinar que é campo de discussão da problemática docente, discente e administrativa. Segundo Cavicchia, (1996), a grande maioria  dos trabalhos que discutem a pratica da psicopedagogia na instituição educativa focaliza a análise dos processos de aprendizagem, ou mais objetivamente, das dificuldades de aprendizagem.  Salienta ainda que esta preocupação está intimamente relacionada às próprias origens da Psicopedagogia, enquanto área de conhecimento.
O psicopedagogo deve atuar na instituição não só terapeuticamente, mas também preventivamente, interferindo deste os primórdios da alfabetização, se estendendo posteriormente às demais séries. Não se pode esquecer de que o processo de aprendizagem é continuo e coloca como seu objeto de estudo o ser humano, em constante desenvolvimento, e as alterações desse processo. Com isso, focalizam-se as possibilidades do aprender num sentido amplo abrangendo-se não só a escola com todos os seus elementos, como também a família e a comunidade onde essa escola está inserida.
Reforça Gasparian (1997), que a atuação do psicopedagogo nesse contexto, será a de esclarecer e orientar estudantes, professores e direção, bem como a família sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento da aprendizagem, bem como conversar sobre as condições psicodinâmicas e determinantes da dificuldade de aprendizagem, não só em nível de defasagem de conteúdo, mas também em nível cognitivo, como os estudantes com deficiência. Aqui não se faria distinção entre a Psicopedagogia sistêmica preventiva e terapêutica, pois ora estaria atuando preventivamente, ora terapeuticamente.
Sendo assim, com uma visão sistêmica o profissional deve atuar nas relações dos indivíduos entre si: como a relação do saber em sala de aula é adquirida e transmitida; na orientação de professores em relação ao seu saber, e ao saber dos seus estudantes, bem como este se vê como parte de um sistema.  O psicopedagogo assumiria aqui, a postura de articulador entre o ensinar e o aprender, entre a escola, a família e a comunidade.
“ Cabe, portanto, à psicopedagogia contribuir, seja no sentido de promover a aprendizagem seja no tratar de distúrbios, nesses processos instalados muitas vezes na própria instituição, a qual cumpre uma importante função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta, dentro de um projeto social mais amplo. Afinal, é a escola a responsável por grande parte da aprendizagem do ser humano”. (GASPARIAN 1997: 56-57).

Para  Vygotski, as características tipicamente humana  resultariam da interação entre individuo e meio sócio-cultural, e ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. Rego (2000) reforça, expondo que
 “ o homem modifica o ambiente através de seu próprio comportamento futuro (...) as funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interação dos fatores biológicos, (...), com os fatores culturais (...) (Luria, 1992, p.60 apud Rego, 2000 p.41)

Sendo assim, cabe à escola propiciar às crianças um conhecimento sistemático sobre aspectos que não estão associados ao seu campo de visão, ou vivência [1]direta. É função de a escola possibilitar ao individuo ter acesso ao conhecimento científico construído e acumulado pela humanidade.  Com isso, reforça-se a importância da atuação do psicopedagogo como mediador do processo educativo, auxiliando o professor e os estudantes na superação de suas dificuldades ou distúrbios.  De acordo com Gasparian ( 1997), o psicopedagogo, atua na instituição com o objetivo de colaborar com ela na resolução de problemas de ensino e aprendizagem, não só no aspecto estrito de sala de aula, mas também no mais abrangente, envolvendo todos os elementos em que a compõe.
É necessário pensar a educação como prática inclusiva, e acreditando que a educação é um ato pedagógico e também político, o traço mais marcante no âmbito da educação é a valorização do estudante  enquanto aprendiz e como ser histórico, político e social.
 A educação inclusiva enfrenta muitos obstáculos que vão desde a escola, família e a aceitação da sociedade.  Então a atuação do trabalho do psicopedagogo  é  definido como um mediador entre a escola/ família, ambas preocupadas com os sintomas de "fracasso" da criança. Em decorrência do seu papel de mediador, o psicopedagogo lida com perplexidades de natureza diversa:
  • A perplexidade da escola, que não consegue entender por que certas crianças não aprendem a ler e a escrever. Não encontrando outra saída senão a de rotulá-las (apressadamente) de portadoras de algum "distúrbio de aprendizagem", a escola não reluta em encaminhá-las para especialistas vários, eximindo-se, assim, de qualquer responsabilidade;
  • A perplexidade das famílias que, até enviarem os filhos para a escola, não haviam identificado, no comportamento habitual dessas crianças, nenhum sintoma preocupante, mas que assumem os "distúrbios" atribuídos às crianças, a partir do diagnóstico patológico da escola
  • A perplexidade das próprias crianças que, muitas vezes, não entendem a escola, o seu discurso e as atividades que ali são chamadas a desempenhar. Perplexas com o tratamento que passam a receber na escola e, conseqüentemente, em casa, acabam por incorporar o rótulo a elas atribuído e por comportar-se segundo expectativas geradas pelo próprio rótulo.
É importante levar-se em conta que o estudante superdotado também tem direito a atendimento no ensino regular, Carvalho, (2005) salienta que pensar na inclusão dos alunos com deficiência na classe comum sem oferecer-lhes a ajuda e o apoio de educadores, O psicopedagogo atuante atende ao fato de envidar esforços a fim de possibilitar ao indivíduo seu desenvolvimento potencial atribuindo-lhe autoria do seu processo educacional, constituindo-se cidadão e, conseqüentemente, sua inclusão social. Esforços para desenvolver (através da resolução de desafios) novas habilidades, percepções, entendimentos.
A atuação psicopedagógica na área da educação inclusiva, com indivíduos com deficiência, torna-se mais desafiadora ao registrar potencialidades e limites do indivíduo e da equipe, no mesmo contexto. Sendo assim, o enfoque situacional ao abranger indivíduos com deficiência requer planos de trabalho em parceria máxima com as instituições escolares. De acordo com a mesma autora “As escolas inclusivas são escolas para todos, implicando num sistema educacional que reconheça e atenda às diferenças individuais, respeitando as necessidades de qualquer dos alunos”. (CARVALHO, 2005:29).
Com isso, não só os estudantes com deficiência, ou com superdotação  seriam ajudados pela intervenção do psicopedagogo, e sim todos os estudantes envolvidos no processo, uma vez que o psicopedagogo tem o papel de articulador entre estudante e docente. O trabalho do psicopedagogo tem a finalidade de habilitar a comunidade escolar com o objetivo de "promoção" do convívio e da harmonia e direito entre aqueles considerados "especiais", ou seja, o estudante com deficiência e os estudantes ditos “normais”.
O trabalho das escolas inclusivas implica na mudança de atitudes frente às diferenças individuais, desenvolvendo-se a consciência de que todos  são diferentes e, diferentes a cada dia pois vivencia-se experiências cotidianas no decorrer da vida, e estas são incorporadas aos conceitos articulados na escola e na vida social.
Pensando na inclusão dos estudantes, cabe ao psicopedagogo, criar situações desafiadoras da ação e do pensamento das crianças, selecionando atividades e jogos que provocam a necessidade de agir sobre objetos, pensar antes de agir, refletir sobre as próprias ações e interagir com outras crianças. Sempre que possível, as atividades apresentadas sob a forma de jogos e as atividades pelas quais as crianças manifestam desinteresse são substituídas por outras que possam ser mais interessantes.
Para Vygotski, o ensino sistemático não é o único fator responsável por promover aprendizagens e mudanças de conceitos, o autor considera o brinquedo, o jogo como uma importante ferramenta para alargar a zona de desenvolvimento proximal e importante fonte de conhecimento.
“A brincadeira representa a possibilidade de solução do impasse causado, de um lado, pela necessidade de ação da criança e, de outro, por sua impossibilidade de executar as operações exigidas por essas ações. (...) assim, através do brinquedo, a criança projeta-se nas atividades dos adultos procurando ser coerente com os papeis assumidos”. (REGO, 2000:82)

 Poder-se-ia apontar como características deste processo de intervenção, o objetivo de resgatar, tanto a construção das estruturas operatórias como a possibilidade de aprender e de superar lacunas em conhecimentos anteriores, necessários às novas aprendizagens; a possibilidade de realizar escolhas, pela quantidade de atividades e jogos disponíveis em cada sessão; a necessidade de considerar os interesses e possibilidades da criança, para garantir o esforço na realização das atividades e na superação das próprias dificuldades. Segundo Vygotski, “O que a criança pode fazer hoje com o auxilio dos adultos, poderá fazê-lo amanha por si só” (apud REGO, 2000:126). 
É importante destacar que no processo de inclusão, é a escola que precisa se adaptar às necessidades dos estudantes com deficiência, ou não. Segundo Carvalho, (2005) negar a deficiência das pessoas seria tão perverso quanto lhes negar a possibilidade de acesso, ingresso e permanência  no processo educacional escolar, recebendo a educação e os atendimentos que lhes permita a remoção de barreiras para a sua aprendizagem, socialização e participação na vida social.
A inclusão de pessoas com deficiência na rede comum de ensino já estava prevista na LDB. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) trouxe importantes avanços para a Educação Especial: a gratuidade do atendimento especializado para portadores de deficiência, dificuldade de aprendizagem, ou distúrbios de aprendizagem e o reconhecimento de que a escola é um lugar de atuação psicopedagógica.
O primeiro avanço diz respeito ao princípio da gratuidade do atendimento educacional para os educandos com deficiência, o que deixa claro, de logo, que a oferta do atendimento especializado, no âmbito da rede oficial de ensino, não pode ser cobrada. O segundo avanço vem da LDB reconhecer que as pessoas em idade escolar são consideradas "educandos com necessidades especiais", o que pressupõe um enfoque pedagógico, ou mais, precisamente, um enfoque psicopedagógico, em se tratando do atendimento educacional. A escola deve, pois, atuar, psicopedagogicamente, na remediação das dificuldades de aprendizagem escolar.
   Enfim cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, a inclusão, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.[2]
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Desta forma o psicopedagogo institucional passa a tornar uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.







CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho, é possível concluir então, que a psicopedagogia surge da  necessidade de buscar subsídios para estudar o fracasso escolar e da certeza  que não havia como entender o fracasso escolar apenas como causa orgânica.
Surge da necessidade de entender melhor o processo de aprendizagem, não meramente envolvendo a Psicologia e a Pedagogia, porém a psicopedagogia tem recorte interdisciplinar, buscando suporte e apoio em outras áreas como a psicanálise, pedagogia social, medicina, lingüística, fonoaudiologia, e cria seu próprio objeto de estudo: a aprendizagem.
Assim, pode-se dizer que a Psicopedagogia é uma área de estudos, não tem status de ciência, é objeto de pesquisa que nasceu de uma prática que está voltada às aprendizagens.
É preciso ter clareza que a psicopedagogia é um campo de atuação que lida com saúde e educação e diretamente com o processo de aprendizagem, considerando a influência do meio, escola, família e sociedade. Sendo assim, o objetivo do trabalho psicopedagógico é promover a aprendizagem garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento devendo-se valer-se dos seus recursos disponíveis incluindo a relação dos recursos interprofissionais, realizando pesquisas cientificas no campo psicopedagógico com intuito de promover novas aprendizagens.
É mister entender o desenvolvimento humano para que se compreenda como se dá o processo de aprendizagem pelos sujeitos. Assim, a psicologia do desenvolvimento estuda as mudanças pelas quais passa o ser humano até a vida adulta. As mudanças são quantitativas (medida) e qualitativas (padrões de comportamento).
Para compreender o desenvolvimento humano é importante saber que o  ser humano é composto por diferentes áreas: físico, motora, percepção, cognitivo (mente), afetiva, social, moral, personalidade (rotulo), e pode-se dizer que há duas dimensões no estudo do desenvolvimento humano: dimensão descritiva: estuda o que é e o que acontece, e dimensão explicativa: busca explicação para o desenvolvimento bem como as explicações de como são os processos. Os fatores do desenvolvimento humano são genéticos (acontece na hora da fecundação) e ambientais ( desde o útero, é remediado e corrige-se através da educação).
É de fundamental importância conhecer os aspectos neurológicos dos processos de aprendizagem, uma vez que estes podem influenciar diretamente o processo de aprendizagem. Já é sabido que a aprendizagem é um processo complexo e multidisciplinar, envolvendo os aspectos cognitivos, ( como penso), comportamento ( como ajo, atitude) e afeto (como sinto) e este ultimo, é o catalisador da aprendizagem.  De acordo com o professor Clay Brites
Usar a neurologia na escola é muito importante pois é importante conhecer o funcionamento do cérebro para poder compreender e intervir no momento e da forma mais adequada.
É importante ter sempre presente a idéia de que a intervenção precoce é a primeira estratégia de inclusão. Uma criança fisicamente pode ter algum transtorno não visível, por que eles aparecem no cognitivo, no comportamento. Assim, o professor percebe e encaminha para a equipe multidisciplinar fazer as devidas intervenções.
É possível concluir pelo presente estudo, que aprendizagem é um processo complexo e evolutivo, constante que implica numa seqüência de modificações observáveis e reais no comportamento do individuo físico e biológico e no meio que o rodeia. A interação entre professor e aluno é fundamental para detectar problemas e avanços na aprendizagem.













REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

CIASCA, Sylvia.  Distúrbio de Aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. Casa do Psicólogo, 2003

COLL, César; MARCHESI,  Álvaro; PALACIUS, Jesús e colaboradores. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

GUARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na pratica. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese.  Porto Alegre. Artes Medicas, 1995.

PAULA, Ercília Maria Angeli T. de.; MENDONÇA, Fernando Wolf. Psicologia do desenvolvimento. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2007  164 p.

REGO, Teresa Cristina Rego. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis-RJ.  Vozes, 1995.

ROTTA, Newra Tellechea, OHLWEILER, Lygia e RIESGO, Rudimar dos Santos. Transtornos da Aprendizagem: abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores.  Org. COLE Michel. 7 ed. São Paulo:  Martins, 2007.

WALLOW, Henry. A evolução psicológica da criança. Trad. BERLINER, Claudia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FIORAVANTE, Daniele Pedrosa. Afetividade e aprendizagem: aluno, professor, família e o trabalho do psicopedagogo. UNOPAR, tele aula.



[1] Vygotsky chama de vivência direta os conceitos espontâneos. Referem-se aqueles conceitos construídos a partir da observação, manipulação e vivencia direta da criança.  (Rego, 2000)
[2] Ensinagem consiste no processo de ensinar com a emoção e com a razão. Trata-se de uma ação de ensino da qual resulta a aprendizagem do estudante, superando o simples dizer do conteúdo por parte do professor pela ensinagem deve-se possibilitar o pensar, situação onde cada estudante possa re-elaborar as relações dos conteúdos, através dos aspectos que se determinam e se condicionam mutuamente, numa ação conjunta do professor e dos estudantes, com ações e níveis de responsabilidades próprias e específicas, explicitadas com clareza nas estratégias selecionadas.

O papel do psicopedagogo frente as dificuldades de aprendizagem em sala de aula

O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM  E DOS PROBLEMAS AFETIVOS E DE CONDUTA EM SALA DE AULA
















Erechim
2011
carmem lucia federle













O PAPEL DO
PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E DOS  PROBLEMAS AFETIVOS E DE CONDUTA EM SALA DE AULA




Trabalho individual de Portifólio, de pesquisa bibliográfica como requisito  de avaliação, para o  curso de pós Graduação em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Norte do Paraná – Cemap Erechim, com o tema O papel do psicopedagogo frente as dificuldades de aprendizagem e dos  problemas afetivos de conduta em sala de aula -    modulo I – 2010 para as disciplinas – Dificuldades de aprendizagem Frente a outros Transtornos: Problemas Afetivos e de Conduta em Sala de Aula, Metodologia da Pesquisa I, Principais Dificuldades de Leitura, Escrita e Linguagem, Principais Dificuldades de Aprendizagem Lógico-matemática.




Erechim, 2011


RESUMO


Este trabalho tem como tema principal a abordagem  das dificuldades de aprendizagem existentes em sala de aula, bem como  as dificuldades de aprendizagem frente a outros transtornos, bem como vai abordar a questão da influencia da afetividade no processo de ensino-aprendizagem que podem gerar problemas de conduta em sala de aula. Daí entra o papel do psicopedagogo como mediador na solução ou superação desses transtornos ou dificuldades que envolvem a aprendizagem de ética abordará a postura e o papel específico do psicopedagogo.



Palavras-chave:   afetividade – psicopedagogo – aprendizagem



















INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo de conhecer os principais problemas de ordem afetiva e de conduta presentes em sala de aula, focando o problema afetivo em sala de aula e sua repercussão na aprendizagem, procurando, dessa forma, compreender os problemas relacionados à afetividade e conduta como um fenômeno multifatorial, buscando parcerias de trabalho com os pais e educadores
É importante questionar o quanto é desafiador o  cenário da educação e quanto  causa impacto direto e indireto na reavaliação e avaliação  das diretrizes de desenvolvimento para o professor, estudante, sociedade e escola.
Sendo assim, é importante que o professor esteja devidamente capacitado e informado para fazer a detecção das dificuldades de aprendizagem, para que assim seja feita uma intervenção precoce, possibilitando dessa forma, uma melhor qualidade  no seu trabalho e assim podendo ser feita uma intervenção eficiente que irá auxiliar o estudantes no seu processo de aprendizagem. 
Todas estas questões serão devidamente ponderadas ao longo deste estudo, possibilitando assim, que questões importantes sobre como a psicopedagogia institucional atua e qual é o seu objeto de estudo,  bem como os problemas afetivos e de conduta podem     influenciar na aprendizagem e no desenvolvimento humano.














O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E DOS PROBLEMAS AFETIVOS E DE CONDUTA EM SALA DE AULA

A psicopedagogia surge com o intuito de desmistificar a idéia de que o sujeito era tido como uma conseqüência fisiológica sem questionar a escola, onde o sujeito era produto de um erro da natureza, esse era o paradigma da anomalia anatomofisiológica que perdurou por décadas.  A psicopedagogia tem como  objeto de estudo a aprendizagem.
 É importante salientar que para aprender é preciso agir e essa ação fica registrada através de sinapses, implica mudança de comportamento, cérebro e meio funcionando harmonicamente.
Segundo Wallon, 1995, o sujeito é dotado de inteligências, e cada uma delas dever ser respeitada. Salienta o autor, que é de máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências humanas e todas as combinações de inteligências, e é por esse motivo que somos todos diferentes.
 “Se reconhecemos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos nesse mundo. Se pudermos mobilizar o espectro das capacidades humanas, as pessoas não apenas se sentirão melhores em ralação a sim mesmas e mais competentes...” (GARDNER, 1995:18).

Pode-se dizer então, que a psicopedagogia surge da  necessidade de buscar subsídios para estudar o fracasso escolar e da certeza  que não havia como entender o fracasso escolar apenas como causa orgânica. Surge da necessidade de entender melhor o processo de aprendizagem, não meramente envolvendo a Psicologia e a Pedagogia, porém a psicopedagogia tem recorte interdisciplinar, buscando suporte e apoio em outras áreas como a psicanálise, pedagogia social, medicina, lingüística, fonoaudiologia, e cria seu próprio objeto de estudo: a aprendizagem.
É preciso ter clareza que a psicopedagogia é um campo de atuação que lida com saúde e educação e diretamente com o processo de aprendizagem, considerando a influência do meio, escola, família e sociedade. Sendo assim, o objetivo do trabalho psicopedagógico é promover a aprendizagem garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento devendo-se valer-se dos seus recursos disponíveis incluindo a relação dos recursos interprofissionais, realizando pesquisas cientificas no campo psicopedagógico com intuito de promover novas aprendizagens.
De acordo com Vygotsky, interações sociais e culturais são criticas para a aprendizagem. Os indivíduos criam seus mecanismos psicológicos para aprender a controlar seu comportamento. O individuo tem papel ativo no desenvolvimento da sua aprendizagem. Vygotskyi destaca que as funções psicológicas do ser humano surgem da interação dos fatores  biológicos que são parte da constituição física do homem, com os fatores culturais, que evoluíram através da historia.
 “As funções psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do individuo e seu contexto cultural e social(...) A cultura, é portanto, parte constitutiva da natureza humana já que sua característica psicológica se da através da internalização dos modos  historicamente determinados e culturalmente organizados de operar com informações” (REGO, 1995:42)

 Outro fator a considerar com relação a aprendizagem é a afetividade. Contudo, um aspecto que considero extremamente importante neste assunto e que por isto acredito que possibilitará que vocês possam compreender melhor e tirar mais proveito de nossas aulas é o entendimento de como as questões relacionadas à afetividade interferem na aprendizagem e vice-versa.
“E isto ocorre porque o ser humano não é um ser compartimentado cujas vivências e experiências são guardadas em gavetas separadas sem comunicação umas com as outras. Pelo contrário, segundo a Organização Mundial de Saúde, o ser humano é visto hoje como um ser BIOPSICOSSOCIAL”.   Fioravante, Daniela Pedrosa.( Tele aula).
O psicopedagogo precisa entender o ser humano como uma pessoa integrada. Para aprender é preciso agir.   Os transtornos podem estar escondidos e precisa ter uma equipe multidisciplinar para detectar esses transtornos e poder intervir. E o primeiro responsável a detectar esses transtornos é o professor, por esse motivo é que ele deve ter um olhar atento ao seu estudante.                                                         
É importante observar o que a criança faz, se consegue fazer coisas simples, como vestir-se, questionar, relacionar-se e como se dá a sua interação, e a partir dessa observação é possível saber se esta criança está se desenvolvendo corretamente assim é possível uma intervenção precoce sendo que esta intervenção precoce irá auxiliar a criança  no seu desenvolvimento.
Conhecer a estrutura cerebral é fator importante para se compreender como se processam as informações. O cérebro tem a seguinte estrutura: massa cinzenta – superfícies, aqui estão localizados os comandos, as sensações, a organização neuronal para aprender e  substancia branca.
Para aprender é preciso agir. Essa aprendizagem fica registrada através de sinapses e implicam mudança de comportamento. A aprendizagem integra aspectos psicosociológicos que é determinada pela boa relação com o professor e meio adequado, e neurobiológicos, que são as ligações neuronais, que dizem respeito ao nosso cérebro.
Cabe aqui reforçar que as sinapses são interligações entre um neurônio e outro. São estímulos elétricos. É uma área de comunicação rica em neurotransmissores. Rotta salienta que as sinapses podem ser elétricas ou químicas. A transmissão sináptica no sistema humano, é química e a comunicação entre os elementos em contato depende da liberação de substâncias químicas, que são os neurotransmissores. Segundo Rotta e Riesgo “ O conhecimento da transmissão sináptica é a chave para compreender a base neural do aprendizado da memória” (ROTTA, OLHWEILER e RIESGO, 2006: 50).
 Usar a neurologia na escola é muito importante pois é importante conhecer o funcionamento do cérebro para poder compreender e intervir no momento e da forma mais adequada. A neuropedagogia usa-se de três estratégias: clinica – observação na sala de aula, dificuldades, comportamento, leitura/escrita, socialização, como age frente as regras, atenção; Pedagogia: aspectos pedagógicos, como reconhece letras, se aglutina ou omite letras, se lê corretamente; conduta multidisciplinar: ter plena noção de onde se vai precisar de outras intervenções.
O psicopedagogo promove mudanças nos aspectos psicosociológicos trabalhando com a escola e a família. Problemas de conduta e de aprendizagem estão relacionados. Quando o problema for de origem emocional o trabalho é do psicólogo, por conseguinte, quando o problema for de aprendizagem é de função do psicopedagogo.
A psicopedagogia, por contar com a contribuição de várias áreas do conhecimento, Psicologia, Sociologia, Antropologia, e outros, assume o papel de desmitificadora do fracasso escolar, entendendo o erro apresentado pelo indivíduo no processo de construção do seu conhecimento (Piaget), a as interações (Vygotsky), como fator importante no desenvolvimento das habilidades cognitivas.
O psicopedagogo assume papel relevante na abordagem e solução dos problemas de aprendizagem. Não procura culpados e não age com indulgência. De acordo com Bossa (2000, p. 14), “é comum, na literatura, os professores serem acusados de   isentarem-se de sua culpa e responsabilizar o aluno ou sua família pelos problemas de aprendizagem”, mas há um processo a ser visto, às vezes, os métodos de ensino tem que ser mudados, o afeto, o amor, a atenção, isto tudo influi muito na questão.
 Nesse caso, o psicopedagogo procura avaliar a situação da forma mais eficiente e proveitosa. Em sua avaliação, no encontro inicial com o aprendente e seus familiares, que é um recurso importantíssimo, utiliza a “escuta psicopedagógica”, que o auxiliará a captar através do jogo, do silêncio, dos que possam explicar a causa de não aprender.Segundo Alícia Fernandes (1990 p. 117), a [...] intervenção psicopedagógica não si dirige ao sintoma, mas o poder para mobilizar a modalidade de aprendizagem, o sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado momento, e é a partir daí que vai transformando o processo ensino aprendizagem.
Portanto a psicopedagogia não lida diretamente com o problema, lida com as pessoas envolvidas. Lida com as crianças, com os familiares e com os professores, levando em conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.
                 Na relação educativa, dentro das práxis pedagógica, ele é o sujeito que busca uma nova determinação em termos de patamar crítico da cultura elaborada. Ou seja, é um ser humano que busca adquirir um novo patamar de conhecimentos, habilidades e modo de agir. Mas, o próprio aluno não tem essa visão e muitas vezes se angustia dentro da escola porque ao chegar ali traz de casa o auto-conceito e auto-estima a partir das relações que desenvolve com os pais ou pessoas de seu convívio diário.
O professor, em sala de aula, não pode destruir essa relação. O educando não pode ser considerado, pura e simplesmente, como massa a ser informada, mas sim como sujeito, capaz de construir a si mesmo, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos e inteligências, a educação escolar não pode exigir uma ruptura com a condição existente sem suprir seus elementos. Há uma continuidade dos elementos anteriores e, ao mesmo tempo uma ruptura, formando o novo. O que o aluno traz de seu meio familiar e social não deve ser suprimido bruscamente, mas sim incorporado às novas descobertas da escola.
Quando uma criança aprende um novo modo de executar uma brincadeira, um modo de ser, não suprime o modo anterior, ao contrário, incorpora o modo anterior ao novo modo de execução. É o novo que nasce do velho, incorporando-o por superação (Luckesi, 1994, p. 118).
Assim as relações entre os professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações na sala de aula, segundo Libâneo (1994), fazem parte das condições organizativas do trabalho docente, juntamente com os aspectos cognitivos e sócio-emocionais da relação professor-aluno. Isso significa que o trabalho docente se caracteriza não apenas pelo preparo pedagógico e científico do professor e de toda a equipe da escola, mas também, pelo constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para resolverem as tarefas.
                   A importância do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem começa a configurar-se quando se toma consciência das dificuldades dos alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com o professor e na escola, em um todo.
 As formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno e outros que fazem parte do contexto escolar. A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes.
Para Bossa (2000), o psicopedagogo tem muito o que fazer na escola: Sua intervenção tem um caráter preventivo,sua atuação inclui:
·      orientar os pais;
·      auxiliar os professores e demais profissionais nas questões pedagógicas;
·      colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento em todos os integrantes da instituição e;
·      principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer que seja a causa.
São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com as maiorias das crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivos tão simples de serem resolvidos. Problemas familiares, com os professores, com os colegas de turma, no conteúdo escolar, e muitos outros que acabam por tornar a escola um lugar aversivo, e o que deveria ser um lugar prazeroso. 
Dentro da escola, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas em suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva, também com a participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos seus filhos, em conselhos de classe com a avaliação no processo metodológico, na escola como um todo, acompanhando e sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio necessário para cada criança com dificuldade.
Segundo Bossa (l994, p. 23), cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter essistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Desta forma o psicopedagogo institucional passa a tornar uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.
Cabe salientar que ás vezes, quando o fracasso escolar não está associado às desordens neurológicas, a família tem grande participação nesse fracasso. Percebe-se nos problemas, lentidão de raciocínio, falta de atenção, e desinteresse. Esses aspectos precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento intelectual.
A família desempenha um papel importante na condução e evolução do problema acima mencionado, muitas vezes não quer enxergar essa criança com dificuldades que muitas vezes está pedindo socorro, pedindo um abraço, um carinho, para chamar a atenção para o seu pedido, a sua carência. Esse vínculo afetivo é muito importante para o desenvolvimento da criança. Sabemos que uma criança só aprende se tem o desejo de aprender, e para isso é importante que os pais contribuem nesse processo. É cobrado da criança que esta seja bem sucedida. Porém quando este desejo não si realiza, surge a frustração e a raiva que acabam colocando a criança num estado de menos valia, e proporcionando as dificuldades de aprendizagem.
A intervenção psicopedagógica se propõe a incluir os pais no processo, através de reuniões, possibilitando o acompanhamento do trabalho junto aos professores. Sendo assim os pais ocupam um novo espaço no contexto do trabalho, opinando e participando, e isto é de suma importância.
É importante ter sempre presente a idéia de que a intervenção precoce é a primeira estratégia de inclusão. Uma criança fisicamente pode ter algum transtorno não visível, por que eles aparecem no cognitivo, no comportamento. Assim, o professor percebe e encaminha para a equipe multidisciplinar fazer as devidas intervenções.
Ciasca, 2003, diz que a aprendizagem é um processo complexo e evolutivo, constante que implica numa seqüência de modificações observáveis e reais no comportamento do indivíduo físico e biológico e no meio que o rodeia. A interação entre professor e aluno é fundamental para detectar problemas e avanços na aprendizagem.
Com relação aos transtornos de aprendizagens é  apresentado pela CID-10 e DSM-IV que basicamente três tipos de transtornos específicos: o transtorno de leitura, da matemática e da expressão escrita.
Pode-se dizer que, as dificuldades de aprendizagem é  uma condição heterogênea onde o individuo não consegue dar conta das demandas de conteúdo escolar por diversos motivos, de natureza cognitiva, comportamental e  psicossociocultural e pedagógica.
Dificuldade de aprendizagem do ponto de vista neurológico tem causas diversas e o seu diagnóstico deve ser feito de forma multidisciplinar. A avaliação multidisciplinar depende das áreas de fonoaudiologia, psiquiatra, psicopedagogo, psicomotricista, radiologista, e o mesmo acontecem com o tratamento.
As dificuldades de aprendizagem podem ser classificada levando-se em conta as funções afetadas, que são as funções psicológicas superiores. São aprendidas desde o nascimento e são importantes para a vida toda. Podem ser detectadas precocemente utilizando-se de instrumentos de avaliações do desenvolvimento neurológico, exame neurológico. Esse conjunto de testes permite detectar distúrbios da atenção, da memória,  da linguagem oral e escrita.
Assim, pode-se dizer que o professor é o identificador dos processos de dificuldade de aprendizagem. Para a criança aprender bem a criança precisa ter os processos biológicos bem desenvolvidos.  Os fatores que influenciadores das dificuldades de aprendizagem são disfunção neurológica e disfunção neuropsiquiatra.
Cabe salientar que de acordo com OHLEILER, 2006,
 “os transtornos de aprendizagem compreendem uma inabilidade especifica, como de leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual. (ROTTA, OHLEILER e RIESGO, 2006:127)
Dentre as dificuldades de aprendizagem podemos destacar os distúrbios de linguagem que se referem tanto a linguagem oral quanto a linguagem escrita, que gera sarro, timidez, vergonha, e isso gera conseqüências afetivas e cognitivas que, por conseguinte podem levar à problemas de conduta em sala de aula. Os distúrbios de leitura e escrita que é possível diagnosticar a partir de 7 ou 8 anos, também podem gerar problemas de conduta em sala de aula, uma vez que o estudante vai ficando introspectivo, gerando baixa autoestima o que leva pode levar desencadear   problemas de conduta em sala de aula.
Os distúrbios de leitura e escrita mais comum é a dislexia, que consiste na dificuldade com as palavras, sendo que 15% da população apresentam esse distúrbio. Pode se apresentar de diferentes formas: hiperlexia: a criança decodifica junta letras, porem tem dificuldade na compreensão; distúrbio da leitura  e escrita: tem dificuldade na leitura e na escrita, bem como na compreensão do que é lido. A dislexia pode se apresentar como dilexia disfonética: apresenta um prejuízo na fonética, ou seja na rota fonológica. Reconhece a palavra como um todo, mas não consegue saber o som que cada letra tem separadamente, e junto. É uma dificuldade em processar e entender o som de cada letra; dislexia diseidética: facilidade em compor som, mas não consegue ler o todo, mas decodifica. É um prejuízo na rota visual, apresentando dificuldade em processar símbolos gráficos e questões de leitura, e a dislexia mista ou aléxica: apresenta problema em reconhecer a palavra e decodificar. Não entende o som das palavras e letras. Há também a disgrafia e a disortografia que também são distúrbios de aprendizagem.
A dislexia muitas vezes, é confundida com problemas de conduta em sala de aula pois ela a criança é lenta  e muitas vezes faz outras coisas por não compreender os processos de leitura e escrita, e é tida como indisciplinada, desatenta, e muitas vezes, é confundida com déficit de atenção podendo levar a criança a depressão.
Os distúrbios na matemática também podem gerar problemas de conduta pois por não conseguir acompanhar os seus colegas o estudante se sente incapaz, passa a ter vergonha de expressar-se gerando conseqüências afetivas e de conduta, gerando desinteresse, afetado não só a leitura e escrita mas a aprendizagem em todos os campos do conhecimento. O TDAH podendo ser predominantemente desatento, predominantemente hiperativo e misto, em que cerca de 70% de crianças com TDAH apresentam problema na fala e na socialização, podendo tornar-se agressivos, revoltados por não conseguirem aprender, podendo levar a comportamentos anti-sociais. Outro fator que pode levar ao desencadeamento de problemas de conduta é o bulling que vem a ser um problema de comportamento, que merece atenção, pois pode gerar agressividade e violência entre as crianças e adolescentes.
 Assim, conforme vimos a afetividade está relacionada àquilo que o ser humano sente, ou seja, às suas emoções, que o levam então, a nutrir sentimentos positivos e negativos por algo e/ou alguém e a agir em relação a este alguém ou algo de acordo com seus sentimentos. Dessa forma, como podemos observar o afeto é aquilo que nos move, que nos motiva, de modo que só buscamos conhecer e questionar sobre o que nos gera interesse.
É importante ter claro que o  aprendizado é um processo complexo, dinâmico, que resulta em modificações estruturais e funcionais permanentes do Sistema Nervoso Central, por isso necessita de atenção e um olhar atento e diferenciado para cada estudante.












CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho, é possível concluir então, que a psicopedagogia surge da  necessidade de buscar subsídios para estudar o fracasso escolar e da certeza  que não havia como entender o fracasso escolar apenas como causa orgânica.
Surge da necessidade de entender melhor o processo de aprendizagem, não meramente envolvendo a Psicologia e a Pedagogia, porém a psicopedagogia tem recorte interdisciplinar, buscando suporte e apoio em outras áreas como a psicanálise, pedagogia social, medicina, lingüística, fonoaudiologia, e cria seu próprio objeto de estudo: a aprendizagem.
Assim, pode-se dizer que a Psicopedagogia é uma área de estudos, não tem status de ciência, é objeto de pesquisa que nasceu de uma prática que está voltada às aprendizagens.
É preciso ter clareza que a psicopedagogia é um campo de atuação que lida com saúde e educação e diretamente com o processo de aprendizagem, considerando a influência do meio, escola, família e sociedade. Sendo assim, o objetivo do trabalho psicopedagógico é promover a aprendizagem garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento devendo-se valer-se dos seus recursos disponíveis incluindo a relação dos recursos interprofissionais, realizando pesquisas cientificas no campo psicopedagógico com intuito de promover novas aprendizagens.
Para compreender o desenvolvimento humano é importante saber que o  ser humano é composto por diferentes áreas: físico, motora, percepção, cognitivo (mente), afetiva, social, moral, personalidade (rotulo), e pode-se dizer que há duas dimensões no estudo do desenvolvimento humano: dimensão descritiva: estuda o que é e o que acontece, e dimensão explicativa: busca explicação para o desenvolvimento bem como as explicações de como são os processos. Os fatores do desenvolvimento humano são genéticos (acontece na hora da fecundação) e ambientais ( desde o útero, é remediado e corrige-se através da educação).
Não se pode esquecer que o  afeto desempenha papel fundamental na aprendizagem. Piaget diz que são questões emocionais que levam a aprender. Sem uma conduta adequada não há aprendizagem pois estas interferem mutuamente, sendo uma via de mão dupla: quanto mais aprendo, mais motivado eu fico para aprender. Não há como separar afetividade, aprendizagem e comportamento. Assim, como podemos observar o afeto é aquilo que nos move, que nos motiva, de modo que só buscamos conhecer e questionar sobre o que nos gera interesse.
Dessa forma, considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escola tem como caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldade de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino.
É importante ter sempre presente a idéia de que a intervenção precoce é a primeira estratégia de inclusão. Uma criança fisicamente pode ter algum transtorno não visível, por que eles aparecem no cognitivo, no comportamento. Assim, o professor percebe e encaminha para a equipe multidisciplinar fazer as devidas intervenções.
É possível concluir pelo presente estudo, que aprendizagem é um processo complexo e evolutivo, constante que implica numa seqüência de modificações observáveis e reais no comportamento do individuo físico e biológico e no meio que o rodeia. A interação entre professor e aluno é fundamental para detectar problemas e avanços na aprendizagem.











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